O preconceito linguístico no mercado de trabalho – A sociedade estabelece padrões linguísticos levando as pessoas ao julgamento, obrigando-as a ocuparem uma classe social dentro de um contexto sem oportunidades, gerando a discriminação de quem fala de forma mais coloquial e diferente da norma gramatical.
Isso também acontece com as falas regionais e os sotaques mais arrastados. O preconceito linguístico é muito comum no mercado de trabalho. É ele que rotula, determina o tipo de emprego e o cargo que a pessoa ocupa dentro da empresa. Mesmo que a pessoa apresente um grau de conhecimento e estudo, sempre ocorrerá a penalidade no deslize da comunicação, seja ela escrita ou falada, ocasionando o prejuízo na contratação de trabalho, na limitação do cargo, salário e muitas vezes o impedimento da ascensão na empresa.
O desafio maior a ser alcançado ainda pela sociedade preconceituosa está nas mãos do governo em criar um órgão responsável para garantir o combate desse tipo de preconceito por meio de leis específicas que garantam a inclusão dessas pessoas no mercado de trabalho, para que seus direitos de igualdade sejam respeitados na sociedade.
Mas de que maneira esse preconceito afeta a sociedade? De acordo com os dados estatísticos do IBGE, os profissionais com pronúncias mais marcantes vindos de outras regiões do país ganham 20% a menos do que os profissionais com pronúncias padrão de uma determinada região.
Isso demonstra o forte preconceito e a discrepância salarial que as empresas negam que existam em suas culturas empresariais, mas que na prática sempre ocorrem, sendo a variação linguística um fator determinante para a contratação do profissional e sua carreira dentro da empresa, pois os erros linguísticos acabam pesando mais do que a experiência profissional.
Como consequência desse tipo de preconceito no mercado de trabalho, o profissional tem dificuldades em conseguir emprego e quando consegue é excluído em participar de promoções por competência ao cargo, é limitado a trabalhar somente em cargos operacionais e braçais ao invés de exercer cargos de chefia, além de ser prejudicado em receber aumentos de salários.
Em muitos casos os candidatos a determinados cargos já são eliminados na entrevista de emprego pelo seu sotaque, um exemplo disso são os nordestinos, considerados inferiores pela sociedade. Por isso, os nordestinos acabam realmente acreditando que são diferentes e incapazes para arrumar um bom emprego por causa da sua forma de falar, afetando sua sociabilidade e autoestima.
Portanto, para a construção de uma sociedade mais justa, é imprescindível que o governo federal crie um ministério específico que combata o preconceito linguístico por meio de leis na sociedade, que instruam também as empresas a promoverem a inclusão das diversidades linguísticas no mercado de trabalho, para que se alcance a conscientização, a igualdade ao trabalho e o respeito perante as leis. Por fim, que as variações do idioma formal, tenham seu reconhecimento como patrimônio imaterial.
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